Figurante de "Water For Elephantes" fala sobre o filme

Traduzi para vocês um artigo feito por mais um figurante de "Water for Elephants", com o Robert. Leia tudo!

“Robert Pattinson estava a centímetros de mim. E os ganhadores do Oscar, Reese Witherspoon e Christoph Waltz, estavam à apenas um passo. Rodrigo Prieto, diretor de fotografia nomeado ao Oscar, estava de frente comigo sentado atrás da câmera.

Eu deveria estar completamente impressionado com o nível de talento que me cercava. Mesmo assim, a única coisa que eu conseguia focar realmente eram meus pés e pernas doloridos, por causa dos chinelos dados pelo figurino.

Interpretar o “Gigante”, e sem fala, ser extra no filme "Water for Elephantes", mostrou ser tanto divertido quanto cansativo.

Baseado em um livro popular de mesmo titulo escrito por Sara Gruen. A história é sobre um jovem que entra para um circo na época da depressão ¹. Fui selecionado como parte do grupo de artistas do espetáculo, que incluía um Anão, o garoto lobo, a gorda, o fortão e alguns contorcionistas.

Meu trabalho era aparecer no fundo e em alguns casos bem ao lado dos atores principais. Minha reivindicação para a fama foi a cena em que eu e alguns caras empurram Pattinson na frente de um grupo de trabalhadores do circo, assim ele seria “iniciado” adequadamente na vida circense, sendo pulverizado com água, coberto por tortas e beijado pelas “Show Girls”.

Mas houve outras cenas também, incluindo uma no vagão do trem onde dormíamos, outra onde Pattinson, eu e algumas pessoas assistíamos à Witherspoon se divertir com um elefante.

Existe uma chance de eu ser visto na tela, e ser familiar para o cineasta. E compreendo também que existe a possibilidade de não ser visto. Acho que é só esperar para ver.

Foi divertido encontrar e trabalhar com todos esses talentos, inclusive com o diretor Francis Lawrence. Ainda assim o que achei mais impressionante – como sempre – foi a extraordinária ética de trabalho da equipe.

Os eletricistas e técnicos de luz e som – que são os responsáveis em pendurar as luzes, os cabos elétricos e o suprimento de energia dos geradores para o set de filmagens, de verdade ganharam meu respeito.

Agradeço aos tablóides e sites de fofoca, muitas pessoas acreditam que fazer filme é só glamour. Alguns aspectos são assim, mas grande parte é trabalho duro e físico.

Nem tão cedo irei esquecer o operador de câmera na cena do vagão que dormíamos, tendo que filmar segurando a câmera na mão, várias e várias vezes. Entre cada tomada ele caia no chão por causa do peso da câmera. O suor escorrendo pela testa.

Também não esquecerei o departamento de figurino e o trabalho com a figurinista Jacqueline West – outra nomeada ao Oscar – e sua paixão pela arte. Uns dois dias cheguei ao set antes das 6 da manhã e eles já estavam lá esperando por mim, preparando tudo para me vestir com alguma fantasia ridícula. Eles eram meticulosos e motivados, amam cada minuto de seu trabalho.

Sendo eu mesmo um cineasta, trabalhar nesse projeto só confirmou o que sempre soube: Fazer filme não é para os fracos.

Por trás de Robert Pattinson e Reese Witherspoon e os outros há sempre uma multidão de pessoas que transpira profissionalismo e redefine o significado de trabalho duro. São os nomes deles que aparecem tarde nos créditos, bem depois que muitos já levantaram de suas cadeiras nos cinemas para ir para casa.

Sem eles, isso não seria um filme, nenhuma história seria trazida à vida em uma tela iluminada. Eu passei uma grande parte de meu tempo em sets de filmagem, mas sempre tive trabalho para fazer. Mas, no entanto, nesse set gastei grande parte do meu tempo observando o que os outros faziam – em um nível mais alto.

No meu último dia de filmagem, percebi que eram essas pessoas que eu admirava mais. Eles são os heróis não aclamados do filme, aqueles que fazem isso possível. Quando esse filme for lançado, eles estarão longe e trabalhando em outro projeto – fazendo tudo isso novamente. Estarei pensando neles e talvez nossos caminhos se cruzem novamente.”

Nota da Tradução:

¹ Crise de 1929. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX.